Meu reino por um crítico.
Eu sinto falta de um crítico de fotografia. Sério, daqueles que falam para todo mundo que o rei está nu. As pessoas podem não acreditar mas apesar de ser fotógrafo eu gosto de fotografia desde os doze anos. Ou seja, há quarenta anos eu acompanho tudo a respeito de fotografia. Sejam livros, revistas, tratados, vídeos, filmes, exposições, mais recentemente, sou um fuçador na Internet. Por isso sinto falta de um crítico de fotografia, alguém que diga que aquela idéia da mostra já foi usada nos anos setenta e saiu na revista Camera (uma publicação suíça que, além de ter um design fantástico a cada edição mudava conforme o tema das imagens, tinha uma impressão que raramente se vê hoje. Vale a pena uma visita no link: http://en.wikipedia.org/wiki/Camera_(magazine), duas das revistas nesse link eu tenho.). No Brasil nós temos excelentes resenhadores. Aliás várias vezes eu achei que as fotos não estavam a altura dos textos de catálogos e livros. Fico impressionado ao perceber o esforço que o escritor teve para buscar (não sei onde) idéias para preencher a cota de palavras que a publicação precisava. Mesmo me considerando uma pessoa alfabetizada, confesso que ao ler alguns textos sobre exposições fotográficas fico com a nítida impressão que na hora de usar o recurso de cortar e colar do Word a pessoa teve algum problema. Sinto a falta de um crítico de fotografia. Aquela pessoa que vai contar para todos que aqueles olhos com brilho de vidro das crianças naquelas imensas ampliações em preto e branco maravilhosas foram graças à aplicação com um cotonete de um redutor químico. Estragar a fantasia? A miséria fica tão bonita com tratamento metálico.
Mas fiquem tranqüilos, eu não serei esse crítico, sou jovem demais para ter uma morte trágica. Eu descobri muito cedo que com um fotógrafo você pode até questionar a sua opção sexual, pode tecer comentários sobre a fidelidade do cônjuge ou até mesmo duvidar da profissão da mãe dele, mas nunca, em hipótese alguma, criticar uma fotografia.